Faz-me um favor: não venhas morrer aqui à minha frente!
(via:: indieporn)
Se não estivesse tão mal do figado, vomitava em cima de ti.
Tu gostas de dançar contra a parede e eu faço-te companhia quando acordo com o pé alçado à dança. Mas depois queixas-te do frio, contra a humidade do betão, e dizes que as anilhas te prendem a casaca e te desequilibram mais do que o normal. Eu então deixo-me ir no zigue-zague do teu tremor e finjo que não faz e que o calcanhar não se me queixa, enquanto aprender a não marear no balanço dos teus queixumes.
Diziam-lhe muitas vezes, mas custava-lhe a crer que pudesse ser verdade. Ou, pelo menos, custava-lhe a crer que pudesse ser assim tão verdade. Mas quando parava por instantes, por exaustão ou simplesmente por não estar certa de que direcção exacta dar a novo galope, compreendia que existia algum fundo de verdade na evidência. Nenhum autor podia querer melhor personagem, nem nenhuma livro conseguia ser uma obra de maior ficção do que a sua própria vida literária era por si só.
(via:: overflowing)
Doem-me os pés frios, Amor. Doem sem ti, sem nada que os prenda e agasalhe. E já pouca música me sai dos dedos hirtos, Amor. Pouca ou nenhuma música, depois que morreste naquele degrau a baixo, naquele patamar áquem da banqueta onde costumávamos sentar-nos a compor sinfonias perfeitas. a quatro mãos. Madrugada fora, noite a dentro.
Se tu viesses, Amor, fazíamos um Natal asséptico aqui mesmo: sem memória, sem passado, sem lembrança, sem coisa nenhuma que nos pudesse pesar por dentro. Como a neve. Como esta neve que tomou conta dos nossos braços e nos petrificou o gesto e a coragem. Se tu viesse, Amor!... Seríamos dois arbustos iluminados a assinalar o portão e nada mais.
Pixdaus (via:: isthisblood)
Às vezes, devagarinho, ainda deixo cair o tronco e, assim, de olhos fechados ao tecto, vou contando os bocadinhos de água que me murmuram atrás das pálpebras. Sem dizer nada a ninguém. Sem fazer barulho.